"AMOU-OS ATÉ O FIM" (Jo 13, 1b)

Junho, tradicionalmente, é o mês dos namorados; mês das Festas Juninas; mês de Copa de Mundo (de 4 em 4 anos, claro rs); mês de provas, trabalhos e seminários para quem faz faculdade... Mas para quem tem a graça da fé cristã católica, Junho também é o Mês onde nos voltamos com mais intensidade para celebrar o Coração de Jesus... Não, não pense que sou cardiologista... Coração, na linguagem bíblica, é o centro das decisões, e significa a dimensão mais profunda, quer de Deus, quer do homem... Mas Jesus é Deus e homem! Olhando para a vida de Jesus, então, podemos acolher a revelação do Coração do Pai, em cada gesto, ato, palavra, olhar do Cristo! Suas opções revelam a opção do Pai... Suas profundas escolhas humanas revelam as profundas escolhas de Deus... Deus-homem!!! E como O vemos, Ele, a Jesus Cristo, nos relatos dos Evangelhos? E O vemos sempre cercado dos piores, dos rejeitados, dos mais fracos e indefesos... Afirmar fortaleza muita vezes pode ser uma máscara com intenções de se camuflar fraquezas... O caminho de Jesus é o inverso e deve ser o nosso também: Jesus acolheu o que no homem há de mais fraco e desprezível... Acolheu o pecado, a angústia, a dor, o desespero... Mesmo sendo plenamente integrado, escolheu por amor viver isto, demonstrando profunda solidariedade com cada ser humano, por mim e por você! Vemos isto claramente expresso no mistério da Cruz: Jesus não nasceu pra morrer na Cruz!!!! Não, isto feriria a liberdade do Senhor! O mistério é mais profundo: Os homens escolheram silenciar o Homem-Deus, matando-O no madeiro. Ele acolheu no Amor as circunstâncias, por terríveis que fossem... Soube aceitar ser morto para dar a Vida... Acolheu, na profundeza de Seu Ser, a escolha de morte dos seus conterrâneos, ao menos, a de sua maioria... Mas não fez disto uma derrota! Transformou-a em bençãos de ressurreição, para os mesmos e para toda a criação, incluindo aí cada um de nós... Isto tem muito a nos ensinar... Será que, como cristãos, sabemos acolher o que de pior existe no outro, e por que não, em mim e no meu entorno, e pela graça, transformar isto em fonte de bençãos para todo o mundo, a começar do meu entorno? Será que, como alguém chamado a ter as mesmas escolhas de Jesus, por que frutos do mesmo Espírito que O movia e nos move também, eu sei identificar, nas situações do meu cotidiano, oportunidades para que este Coração de Jesus se revele, a partir da minha vida e do meu coração? Meu coração bate no compasso do coração de Jesus? Ou estou vivendo um processo de arritmia espiritual, um intupimento nas artérias e veias da alma, gerando um coração de pedra, um coração necrosado e insensível? Mas, como não sou cardiologista, peçamos ao Senhor Jesus, que ao acolher a Cruz por amor, amando-nos até o fim das possibilidades de amar, que nós também saibamos pro-nos em seguimento do Cristo, à Luz deste mistério, a fim de que os homens e mulheres de nosso tempo tenham e experimentem vida e vida em abundância. Amém.

Miguel Angelo